segunda-feira, julho 08, 2013

Oi, sou um siri


O cara acordou sobressaltado. Deitado sobre folhas secas, o rosto arranhado grudado na areia fina, a roupa ligeiramente enlameada.

-Obrigado – disse, erguendo a cabeça - Ah, demais, estou vivo.

Não sabia como chegou até lá. Apenas se lembrava de um barquinho, e também de um almoço de Bobo de camarão numa sombra de uma praia.

-O que foi? Lu? Lu? – perguntou.

O nome esclareceu o cérebro num instante. Queria logo saber o que tinha ao seu redor e onde é que se achava, mas o cansaço era forte, encontrava-se esgotado.

-Lú?- insistiu em quanto tentava se levantar. - Obrigado Deus.

Sentou-se, ainda enjoado, mas feliz, como poucas vezes antes na sua vida. Começou a se sentir mehlor, olhando o entorno paradisíaco, se encontrava aos poucos como uma pluma que o vento vai levando pelo ar.

-Olha!.- uma voz chamou.

A voz acordou-lhe completamente.

- Está aqui, oh! –Insistia a voz sempre no mesmo tono. Não parecia se dirigir para ele.

-Lu?.- Ele não encaixava a ausência dela; alem disso já era plenamente consciente da sua situação. Não recordava os detalhes mas sabia que de alguma forma recebeu na graça de alguém e após um naufrágio tinha parado lá e sem tempo para perder no passado devia já pensar no presente.

- Está aqui!

- Mas quem fala?

De repente surgiu um siri no meio da areia, bem a sua direita.

- Está gostoso aqui?- falou o siri . O cara simplesmente não acreditava, porém a resposta foi automática:

-Sim e muito.

Realmente a sensação de conforto era elevada. A paz se respirava no lugar.

-Mas que praia é esta onde eu posso falar com um siri?

Ai o crustáceo não gostou da pergunta e sumiu por um buraquinho.

O cara passou o resto do dia investigando a praia. A mata atlântica dava uma cálida bem-vinda. Demorou cinco minutos em percorrer a orla de ponta a ponta. Não tinha ninguém nem nada, mas o prazer era grande lá.

No dia seguinte acordou com o sol. O sono foi aprazível. A tristeza não existia lá.

- A gente acha que você merece uma outra chance!- cumprimentou o siri aproximando dele com o seu elegante caminhar. O animal contou-lhe tudo sobre o lugar mágico. Chamava-se Antiguinhos pelos humanos, porém ninguém voltaria lá em quanto ele ficar. Tornar-se-ia o dono do lugar, conhecendo os segredos dos corruptos e borrachudos, viveria com união total com a natureza mas não ia ver nenhum outro ser humano. So quando ele sair o lugar poderá ser visitado novamente, e ele esquecera de tudo o acontecido e a sua conversa com o siri.- Pode viver sosinho cá feliz ou sair e sofrer muito a vida junto a sua amada.Um conselho: a saudade não compensa e ausência não da paz.- E o siri sumiu de novo.

Passou o dia tudo cogitando o que era o melhor. Não queria voltar para o seu mondo, mas gostaria ter perto a sua amada. Confuso, deu um cochilo antes do por do sol.

-Dan, vamos embora antes de anoitecer.

-Lu? Lu?- ele se despreguiçava.

-Oi, tudo bom? Sou um siri, você também é um?- Ela sorria.

O cara riu, pegou as pernas delas e beijando-as disse:
-Não quero mais esse negocio de você longe de mim.